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Saiba se você é vitima de assedio moral no trabalho e o que fazer.

Seu chefe é abusivo? Como identificar um chefe abusivo e o que fazer?

Um chefe abusivo não impacta apenas o seu dia a dia do trabalho, mas também pode trazer problemas para a sua vida.

É importante identificar os sinais de que o chefe é abusivo antes mesmo de aceitar uma proposta de emprego. As pessoas que conseguirem perceber esse problema logo na entrevista podem decidir se realmente querem lidar com esse tipo de situação.

Chefes abusivos estão por toda parte e de cima de seus pedestais se acham acima da lei, respeitáveis e os mais incríveis do mundo.

Muitas pessoas falam mal da Justiça do Trabalho dizendo que os empregados buscam compensações por danos morais com base em mentiras contra as empresas.

Pessoas com más intenções existem em toda parte.

E, sim, há casos de utilização de processos para obter vantagens financeiras com bases em inverdades, tanto do lado do empregado quanto do empregador.

O Poder Judiciário tem mecanismos para identificar e impedir estas situações.

A sociedade está aí mostrando que existem bons e ruins, honestos e desonestos, verdadeiros e mentirosos em todas as partes da vida.

Mas, o assedio moral no ambiente de trabalho, é, infelizmente, uma coisa muito comum.

Vejamos o caso do Japão.

Quando falamos de japoneses sempre nos vem a ideia de um povo educado, ordeiro, respeitador das leis etc. Uma sociedade evoluída e organizada.

Só que no Japão os empregados chegam a cometer suicídio por causa de pressão no trabalho.

Se lá é assim, imagina no Brasil.

Em qualquer parte do mundo a forma como as coisas acontecem no ambiente de trabalho afetam nossas vidas e podem nos levar a loucura.

E isso não é exagero da minha parte.

Os atos praticados pelo chefe abusivo têm a intenção de constranger a empregado, colocando-a numa situação vexatória, destruindo seu psicológico.

Alguns humilham os empregados. Sequer cumprimentam os de cargos mais baixos. E quando o funcionário passa por uma situação difícil, como uma doença ou perda de alguém da família, eles estão pouco se lixando e querem mais que o empregado cumpra seus horários, pra não dizer outra coisa.

Lembro-me quando minha avó faleceu. Ela tinha 94 anos. Comuniquei a coordenadora de RH da empresa que trabalhava e disse que usaria o direito legal de faltar ao trabalho por dois dias.

A resposta dela:

– Nossa, vai faltar porque sua avó de 94 anos morreu? Ela já estava no fim da vida mesmo. Já era de se esperar. Luto pra quê? Muitos netos nem visitam os avós, mas para ficar sem trabalhar lembram que tem avós.

Eu já tive uma chefe assim. Tínhamos que olhar no rosto dela para saber qual era o humor do dia e, consequentemente, como seria o clima naquele dia.

Ela tinha seus preferidos e se unia a eles. Não media palavras e com elas feria muitos dos empregados do departamento.

Chefiava pelo medo.

Medo que o empregado tem de perder o emprego. Medo de ficar sem renda de não ter como se sustentar e sua família. Medo de os superiores do chefe não acreditarem. Ficam cegos. E muitas vezes não se encontra forças para sair da situação.

As empresas estão recheadas de chefes abusivos. E um grande número de pessoas se torna vítima deles.

Neste ponto interessante se torna destacarmos uma parte da sentença proferida pelo MM. Juiz do Trabalho Dr. Diego Cunha Maeso Montes, nos autos do processo nº 02782001920095020203.

“Inacreditável que em pleno século XXI determinados empregadores ainda não se deram conta que a Idade Média já passou. Não percebem que os seus empregados não são servos da gleba. São seres humanos com dignidade constitucionalmente protegida! São pessoas como todas as outras! Mas, ao que parece, os empregados das reclamadas não possuem valor algum. São como bonecos: mudos e calados, devem se submeter a todo tipo de ordens e caprichos do seu dono!

Vou lhe contar a história de Ana.

Ela trabalhava em uma grande empresa. Uma multinacional.

A empresa ficava longe da sua residência. Por isso no momento da contratação informou que sua jornada não poderia passar das 22h00, pois teria que pegar um ônibus da empresa até o centro da cidade onde morava e outro até sua casa. Mas, o ultimo ônibus partia das 00h05.

Tudo transcorria bem. Até que mudou de chefe.

A superior de Ana, sabendo da situação passou a dizer que Ana era privilegiada e passou a dar tarefas para que Ana saísse cada dia mais tarde.

Até que mudou o horário de Ana para a saída as 22h52.

No segundo dia desta saída Ana teve um grande problema.

Após o dia de trabalho Ana pegou o transporte público chegando ao centro da cidade onde morava.

Mas, já não tinha mais serviço de ônibus no local.

Teve que ligar para sua mãe buscá-la de carro.

E, enquanto aguardava sua genitora, em frente a um ponto de ônibus, foi abordada por um desconhecido que a colocou em um carro levando-a para outro local.

E lá foi estuprada.

Após o ocorrido Ana relatou os fatos para sua gerente, mas a gerente espalhou a situação para outros funcionários e em poucos minutos todos tinham conhecimento da situação degradante pela qual Ana passou.

A gerente chegou até mesmo a duvidar das alegações da Ana e disse:

“uma mulher só é estuprada se deixar, pois se fosse comigo não aconteceria”.

Após o estupro Ana pediu para não mais trabalhar no horário em que a jornada se terminava as 23h00, mas suas superiores ameaçavam mudar a jornada para 17h00 as 23h00 e riam quando viam o medo no semblante de Ana.

Não bastaram as alegações da empregada e o estupro ocorrido.

Suas superiores mudaram o horário.

Ana passou a ter depressão e síndrome do pânico, voltou a falar com as superiores, mas estas riram em demonstração de puro sarcasmo e divertimento com o sofrimento alheio.

Em um momento a supervisora gritou:

“nem para trabalhar você presta”

Ana menstruou na mesma hora, posto que estava tomando medicamentos em razão do estupro e dos problemas psicológicos decorrentes do abuso.

Para Ana suas superiores disseram que a empresa passaria a tratá-la com tolerância zero. E que conseguiriam algum motivo para demiti-la por justa causa. Demorasse o tempo que fosse.

A superior afirmou:

Em algum momento você irá se cansar e pedir pra sair.

Ana nunca entendeu o motivo de toda esta perseguição.

Dentre as frases utilizadas pela chefe, destacamos:

“Sabia que você é a pior funcionária da empresa?”

“Todos falam mal de você aqui”

“Nem para trabalhar você presta”

A chefe chamava a atenção da empregada em público, aos gritos, precisava ter expectadores para ver as suas atitudes.

Ela tinha um ambiente de trabalho mais perverso, pois além do controle e da fiscalização cerrada, era discriminada.

Tal violência moral ocasionou desordens emocionais, atingindo a dignidade e identidade, causando danos psíquicos e interferindo negativamente na sua saúde e na qualidade de vida.

Passou a sentir-se culpada e responsável pela agressão da chefe.

Não conseguia entender os fatos, pois o agressor não lhe dava satisfações e a ignorava; passava a hostilizá-la, ridicularizá-la e inferioriza-la, fazendo que a se sentisse culpada, confusa e desestabilizada emocionalmente.

Ana passou a chorar frequentemente, ficou sensível e magoada, etc

O medo de sua chefe ficou constante, chegando a passar mal, ter tremores e palpitações quando avistava o agressor.

As humilhações, constrangimentos e rebaixamentos passaram a fazer parte do local de trabalho criando um contexto de tirania na relação empregatícia, constituindo ferramentas de controle e sujeição da empregada que por medo, insegurança e vergonha, se calava diante dos desmandos da chefe.

A empregada passou a ter dificuldades emocionais, alterações do sono, alteração da capacidade de concentrar-se e memorizar, anulação dos pensamentos ou sentimentos que relembrem a tortura psicológica, sentimento de isolamento, distúrbios digestivos, tremores, dores de cabeça, estresse etc.

A violência moral desencadeou doenças na empregada, teve labirintite, estresse, ansiedade, depressão e síndrome do pânico.

Mesmo sabendo que a empregada havia sido vítima de estupro e estava com seu psicológico abalado a chefe não teve compaixão e respeito.

Quando Ana estava afastada forçou seu retorno ao trabalho ameaçando-a de demissão.

Ana voltou, mas tinha que tomar fortes medicamentos, entre eles o coquetel para evitar contaminação pelo vírus do HIV, seu ciclo menstrual ficou totalmente desregulado.

O medicamentoso tratamento pós estupro tem duração de vinte e oito dias, mas a empresa forçou o retorno em quinze dias.

Durante o uso dos medicamentos a Reclamante precisava ir constantemente ao banheiro para vomitar e, também, para fazer a troca de absorventes, bem como tinha diarreias constantes e usava fraldas.

Mas a chefe tornava ainda mais difícil a situação da funcionária. Dizia que Ana estava fazendo corpo mole e que aquilo era frescura.

Estraçalhada, Ana não sabia como sair da situação.

Procurou um advogado e obteve o conselho de entrar com uma ação e pedir a rescisão indireta do contrato de trabalho.

Obteve vitória na justiça.

Como saber se estou sofrendo assédio moral?

Não existe uma lista fechada que determine o assédio moral no trabalho.

Mas, podemos destacar alguns pontos importantes para saber se você está lidando com um chefe abusivo:

  1. Exigência de metas inatingíveis, impossíveis.
  2. Exposição a situações humilhantes (como xingamentos em frente dos outros empregados).
  3. Negar folgas e emendas de feriado quando outros empregados são dispensados.
  4. Agir com rigor excessivo.
  5. Colocar “apelidos” constrangedores no empregado.
  6. Você não recebe mais tarefas, fica isolado. Sem saber porquê.
  7. Você não recebe mais instruções ou quando recebe são informações erradas que visam te prejudicar.
  8. Seu chefe te culpa por tudo, até mesmo por erros que sequer existem.
  9. Seu chefe faz piadas e brincadeiras de mal gosto, tais como falar de sua roupa, cabelo, dizer que não te pede algo porque sabia que não tem competência pra fazer etc.
  10. Você é obrigado por seu chefe a trabalhar em horários diferentes do seu, sem qualquer justificativa.
  11. Seu chefe te muda de sala, coloca em um local sozinho ou em uma sala com pessoas diferentes da sua área de atuação.
  12. Ele cria boatos, fofocas a seu respeito.
  13. Seu chefe retira seus equipamentos de trabalho, mesa, computadores, telefones etc
  14. Você passa a ser punido e ter a atenção chamada constantemente e sem justificativa.
  15. Passar a receber tarefas inferiores ou superiores às suas competências.
  16. Receber pressão para que esta não exija seus direitos.
  17. Seu chefe passa a agir de modo a impedir ou dificultar que você obtenha promoção
  18. Seu chefe passa a te dizer: “não está bom pra você? Só pedir demissão”.

São diversas as maneiras de ocorrer o assédio moral.

Cantadas, passar a mão, mão boba, convites insistentes para sair, envio de nudes e conversas picantes, insinuações sexuais, etc configuram assédio sexual e moral.

Fique atento as situações.

Passos a seguir se você acredita que é vítima de assédio no local de trabalho

1. Consulte um médico. Se o assédio moral no trabalho atingiu o ponto em que a vítima perdeu sua estabilidade ou integridade emocional e/ou psicológica, é importante consultar um médico. Guarde todos os documentos que você obtiver no Centro de Saúde. No caso de chegar a um tribunal, eles serão de grande ajuda para fortalecer um processo legal

2. Salve qualquer evidência que possa ser usada para mostrar o assédio moral. Se possível, guarde fotografias, objetos ofensivos, e-mails ou textos que possam provar seu caso. Bem como as informações de qualquer testemunha.

3. Relate o fato. Com ou sem documentos de suporte médico, é muito importante que os fatos sejam relatados às autoridades da empresa. Com os representantes de Recursos Humanos ou com os supervisores diretos. Deve ser por escrito e uma cópia da reclamação deve ser guardada.

4. Obtenha ajuda legal. Se você acredita que a empresa não fez o suficiente para impedir o assédio de que você foi vítima, é importante solicitar aconselhamento a um especialista jurídico. Melhor ainda, um advogado especializado nesse tipo de caso. Às vezes, é preferível obter aconselhamento jurídico antes de relatar os fatos com a empresa. E, nesse caso, o próprio advogado pode ser o encarregado de escrever a queixa. A partir de então, a vítima poderá solicitar a presença de seu consultor jurídico.

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